A maternidade e a defesa da
infância estão em pauta este ano na campanha eleitoral à Prefeitura de Curitiba
e vem sendo trazidas pela candidata do PSOL, Xênia Mello. E, além disso, essas
questões têm sido abordadas de maneira bastante honesta e política. Sim,
política no sentido de afirmar que a maternidade e a infância são pautas que
DEVEM fazer parte da vida política, sendo pensadas e consideradas em todas as
decisões nas esferas legislativas e administrativas.
Desde sua última campanha em
2014, Xênia já fazia questão de mostrar que a maternidade era uma de suas
pautas e como feminista que é nunca deixou de lado a máxima: o
pessoal é político!
Ocorre que na atual campanha
tenho visto muitas críticas em relação ao discurso que a Xênia adotou. Embora
ela também afirme repetidas vezes que é negra e tem origem periférica, o que parece
mesmo incomodar é sua condição de mãe aliada as falas tão frequentes sobre seu
filho. Ora, ainda que as questões raciais e de classe sejam quase sempre
silenciadas nos debates políticos, é sintomática a invisibilização das mulheres
mães.
Quem a crítica pelo discurso
ainda não entendeu que a maternidade e a infância devem ser pautas políticas.
Não entendeu que durante toda a história da sociedade moderna, a maternidade foi um grande trunfo para manter as mulheres afastadas da vida pública e,
principalmente, da vida política.
Reivindicar a luta política
quando exercida em concomitância à maternidade é algo histórico e muito
corajoso. É um grito solitário em meio a uma política feita majoritariamente
por homens.
Quando uma mulher se dispõe
a participar ativamente da vida política e ao mesmo tempo assume a maternidade,
ela rompe com vários estigmas e etiquetas sociais que são usadas justamente
para evitar que as mulheres tomem as rédeas das decisões políticas. Aliás, o instinto materno é um mito alimentado toda vez que as mulheres passam a se
conscientizar dos prejuízos que lhes são causados em virtude da ausência de
representação política. Faz-se acreditar que as crianças devem ser sempre cuidadas
em período integral pela mãe, que ela é a melhor cuidadora para os filhos e que
está biologicamente preparada para isto. Ora, cuidar de crianças é algo extremamente exaustivo quando a tarefa é realizada de modo solitário. Incumbir essa
atividade exclusivamente às mulheres é um meio eficaz de afastá-las da
política.
Ou seja, a ideia de que
maternidade e política são esferas inconciliáveis só favorece àqueles que não
querem que mulheres participem das decisões políticas. Ironizar o fato de que
uma candidata fala exaustivamente sobre seu filho e sua maternidade é
combustível para silenciar uma pauta tão importante e tão necessária às
mulheres e às crianças.
E é justamente essa a
importância de termos uma candidata que não cansa de afirmar que é mãe e que
não faz essa afirmação de maneira demagógica, o que é tão comum na política.
Geralmente quando as crianças são citadas em campanha eleitoral, são utilizadas
como instrumento para enaltecer supostas virtudes do candidato. São comuns as
imagens de políticos carregando crianças em horário eleitoral ou mostrando sua
rotina em casa ao lado dos filhos. A criança nada mais é do que um token e
nunca protagonista do discurso.
E este tipo de imagem nunca
foi utilizado pela Xênia. Ao contrário, a imagem de seu filho transcende o
espaço privado quando ela afirma que ele frequenta a creche municipal, que
utiliza o transporte público, e quando fala de sua própria infância na
periferia de Curitiba, sempre tão esquecida nos projetos políticos.
Posso afirmar porque conheço
a Xênia há um bom tempo. Sua vida é coerente ao seu discurso político. Sua
maternidade é exercida de forma coletiva de maneira a responsabilizar a todos
pelos cuidados com as crianças. É disso que a cidade precisa: que a
responsabilidade pelos cidadãos e, sobretudo, pelas crianças seja de todos. Que
a cidade seja feita e pensada para as pessoas. Que as crianças e as mães possam
sair do espaço privado e tomar a cidade.
A Xênia Mello é a única
candidata que reivindica o direito à cidade para as crianças e encerro com as
suas palavras que transmitem um desejo que eu também compartilho como mulher e
mãe:
“A gente precisa construir formas de viver e
construir a política que acolha e inclua as crianças, em respeito à sua
autonomia e concebendo-a como cidadãs inclusive tomando-as como produtoras da
política e não apenas como seres tutelados e objetos de submissão da vontade
dos adultos. É nesse mundo que acredito, é por esse mundo que eu luto!”
E para quem critica, reafirmo: vai ter mãe feminista na política sim e vai ter discussão acerca dos direitos da criança também!
E para quem critica, reafirmo: vai ter mãe feminista na política sim e vai ter discussão acerca dos direitos da criança também!
Nenhum comentário:
Postar um comentário